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Com radares desligados, acidentes graves crescem em estradas federais

Enquanto as estradas federais tiveram um “apagão” de radares, os acidentes graves — que registram mortos ou feridos — subiram nos sete primeiros meses do ano pela primeira vez desde 2011, quando o Brasil se comprometeu a adotar metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para tornar o trânsito seguro. Promessa do presidente Jair Bolsonaro, o desligamento dos equipamentos de de fiscalização de velocidade, sob a justificativa de que há uma “indústria da multa” no país, foi cumprido à risca nas rodovias federais administradas diretamente pelo governo. Dados obtidos pelo jornal O Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação, revelam que quase todos os equipamentos fixos em operação em janeiro nas vias foram desativados desde março.

Segundo O Globo, além de suspender, em agosto, o uso de 299 radares portáteis pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), o governo não renovou ou substituiu contratos que garantiam o funcionamento de 2.811 equipamentos fixos nas vias. No último dia 2, as BRs sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que representam mais de 90% da malha rodoviária federal, contavam com apenas 439 equipamentos permanentes de fiscalização.

Mais riscos

De acordo com levantamento do SOS Estradas com base em dados da PRF, embora o total de acidentes em geral tenha caído 8% na comparação com o mesmo período do ano passado, os acidentes graves subiram 2% em 2019, de 10.038 para 10.212 ocorrências, interrompendo a tendência de quedas consecutivas desde 2011. Entre janeiro e julho de 2019, o número de feridos graves também subiu em relação ao ano passado, de 10.141 para 10.436 registros.

Rodolfo Rizzotto, do SOS Estradas, alerta ainda que, enquanto em 2018 houve queda de 17% no total de mortes nas rodovias, a redução este ano foi de apenas 1%, de 3.038 para 3.000 casos. Ele pontua que a maior parte dos radares fixos desligados ainda estava em operação entre janeiro e março, o que evitou impacto ainda maior.

O desligamento dos radares coloca em risco quem vive à margem das rodovias. Na prática, estamos sem controle de velocidade nas rodovias federais porque sequer os policiais podem atuar. Os radares que estão operando funcionam por decisão judicial ou contratual”, diz Rizzotto. Ele pondera, contudo, que os dados não contabilizam o período após a proibição de que a PRF use radares portáteis.

Procurado para comentar o crescimento dos acidentes graves e dos feridos nas estradas, o Ministério de Infraestrutura não respondeu.


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